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ENTREVISTA A YOSHIO TANIOKA – DIRETOR DE ARTE EM AKUDAMA DRIVE

 Entrevista a Yoshio Tanioka - Diretor de arte em Akudama Drive

Akudama Drive retrata um mundo cyberpunk único, ambientado num Japão com reminiscências dos anos 50 e 60 do século XX. A Anime News Network conversou com Yoshio Tanioka, diretor de arte, acerca do seu papel na criação da arte de cenários e da estética do anime.

 

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Entrevista a Yoshio Tanioka – Diretor de arte em Akudama Drive

Estava familiarizado com os trabalhos de Kazutaka Kodaka antes de aceitar fazer parte deste projeto? Alguma vez jogou um dos títulos Danganronpa?
Fiquei a conhecer Kazutaka Kodaka pela série Danganronpa. Ainda não joguei os jogos, mas vi as séries televisivas.

 

A sua experiência como diretor de arte em Akudama Drive é diferente do habitual, uma vez que se juntou à produção numa fase muito inicial. Como foi esta experiência para si?
Com este trabalho experienciei o processo de criar algo. Normalmente, há aquela consciência de que a arte de cenários é feita de acordo com as instruções dos realizadores da série e de episódios, pelo que foi muito divertido participar diretamente na criação dos cenários imaginados. Senti, simultaneamente, o grande peso da responsabilidade.

 

Um trabalho de equipe!

Em que medida as imagens que definiram a visão do mundo neste anime foram um esforço de equipe?
O realizador e o assistente de realização proporcionaram-me as ideias que seriam a base para o storyboard. Isso constituiu entre 70 a 80% do processo. Restou acertar o nível de detalhe necessário para tornar a animação mais fluída, entre outras coisas que surgissem.

 

 

Na sua opinião, qual é a maior diferença entre desenhar as ilustrações do storyboard e a arte de cenários que aparecem numa sequência terminada? O que tem em mente quando os desenha?
O objetivo de cada uma destas coisas difere bastante. No storyboard unem-se palavras-chave soltas da história a rascunhos para criar algo mais consistente. É algo feito de modo a que o staff consiga ter uma ideia conjunta do rumo da obra.

Os cenários são uma componente da gravação e um só desenho não chega para completar o anime. Ao juntar múltiplos planos, o mundo do anime emerge. Além disso, o maior foco da história são as personagens, pelo que acertar o nível de detalhe de maneira a não interferir com os movimentos das personagens é essencial para a qualidade da obra.

 

Entrevista a Yoshio Tanioka - Diretor de arte em Akudama Drive

Image Board

 

A contribuição de Yoshio Tanioka

Akudama Drive está repleto de luz e efeitos. Qual foi o seu contributo na composição e pintura?
Dirijo a fonte de luz e as cores para cada cena com a ajuda das fichas de arte (art boards), mas quando se trata de estabelecer as cores adequadas para personagens, objetos mecânicos e adereços, confio o trabalho na íntegra à coordenadora e designer de cores Saori Goda.
Já o aspeto final no ecrã, incluindo os efeitos, é deixado ao comando do diretor de fotografia e composição, Kazuhiro Yamada.

 

 

Até que ponto interagiu com os artistas de desenho mecânico e design de personagens?
Ainda que não comunicássemos diretamente, havia um sistema partilhado que nos permitia ver constantemente os desenhos e materiais atualizados para as personagens, objetos mecânicos, adereços e mais. Assim que um desenho era terminado, eu acedia ao mesmo e ajustava os cenários mais adequados à escala desse desenho.

Por exemplo, podem observar como os veículos e os corpos e cabeças das personagens dão mais ênfase a um visual “de anime” do que a um hiperrealista. Como tal, decidimos não aplicar demasiadas camadas de textura nos cenários antes de começarmos a trabalhar a sério no episódio 1. Em vez disso, usámos cores e texturas de aguarela para melhor transmitir a essência do material original.

Por outro lado, o visual do teaser inicial tem um cenário com imensas texturas distintas e, se o compararem ao anime finalizado, vão aperceber-se das diferenças na direção artística.

 

Akudama Drive - Teaser Inicial

Visual do teaser inicial

 

Conteúdo principal

 

A arte cyberpunk em Akudama Drive

Muitas pessoas têm uma imagem particular do que é o cyberpunk a partir de obras como Blade Runner. Como conseguiram que Akudama Drive se diferenciasse como um trabalho cyberpunk, ainda que fiel às suas raízes?
Não vejo Akudama Drive como algo que expanda o mundo do cyberpunk. Ao limitarmos o enfoque ao trio “Japão, Kansai e Showa”, as diferenças visuais evidenciam-se. Vejam-se as projeções holográficas dos cartazes publicitários no Japão das décadas de 50 e 60 do século passado, que combinam melhor com o cyberpunk do que eu esperava.

 

Akudama Drive ambiente cyberpunk

Ambiente cyberpunk

 

Como conseguiu que a cidade em Akudama Drive recordasse tanto Osaka?
Recriei e dei ênfase a edifícios simbólicos como a torre Tsūtenkaku e o castelo de Osaka. Para o conseguir, é preciso desenhar esses edifícios numa escala maior do que a dos originais. Também me parece que os engraçadíssimos cartazes publicitários e letreiros remetem para Osaka.

 

 

O “Japão Showa”

Numa entrevista anterior, Tanioka-san falou de como o ambiente da obra é inspirado no “Japão Showa”. Para os nossos leitores não-japoneses, poderia explicar que partes específicas dos cenários são associáveis ao período “Showa”? O que o fez querer acrescentar elementos Showa ao mundo de Akudama Drive?
Nos episódios 1 e 2, as ruas estão carregadas de elementos que pareceriam antiquados no Japão moderno. Isto aplica-se também aos adereços. São os seguintes: balões publicitários, dirigíveis (no Japão ainda são usados como meio de transporte) com anúncios em faixas, os interiores dos autocarros, o telefone preto de disco na tasca de takoyaki, o design dos carros que circulam na cidade, os cinescópios castanhos, os reprodutores tape deck de rolo e os cartazes publicitários que eram tão populares no Japão no século passado.

Na segunda metade da série (que ainda não tinha sido emitida no momento da entrevista), estes elementos terão uma presença vincada.

Na altura em que me juntei a este projeto, já tinha sido decidido que as referências Showa seriam muitos importantes para a série. Ouvi dizer que serviriam para diferenciar este trabalho dos anteriores do mesmo criador.

 

Entrevista a Yoshio Tanioka - Diretor de arte em Akudama Drive

Entrevista a Yoshio Tanioka – Diretor de arte em Akudama Drive

 

A emissão de Akudama Drive coincide praticamente com o lançamento do jogo Cyberpunk 2077. Reparou nalgumas semelhanças na abordagem ao cyberpunk?
Achei interessante a maneira como põem o foco em pessoas a viver num futuro arruinado. Pode haver diferenças culturais locais, mas definitivamente partilham elementos semelhantes. Para mim, isso volta a confirmar que Akudama Drive e Cyberpunk 2077 são histórias sobre pessoas.

 

Entrevista a Yoshio Tanioka - Diretor de arte em Akudama Drive

 Fonte: ANW

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